Hungria: O "cavalo de Troia" da União Europeia e as suas ligações à Rússia
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Fonte: CNN Brasil |
Desde o ínico da guerra foram feitas inúmeras sanções à Rússia, englobando os setores da energia, transporte, defesa, matérias-primas e setor financeiro. Nas quais se engloba a proibição de importação de carvão e de petróleo vindos do país, a Hungria tem cada vez mais defendido o fim das mesmas.
A Hungria
tem uma forte dependência Russa, sendo 85% do gás que se usa no país proveniente
da Rússia. Ainda antes da invasão à Ucrânia, a Hungria assinou um acordo de longo prazo para receber 3,5 mil milhões de metros cúbicos (bcm) por ano de gás da Rússia através do gasoduto TurkStream. Enquanto os restantes países da
União Europeia procuravam conter as importações de gás vindas da Rússia,
através de sanções da União Europeia, a empresa estatal russa aumentou os seus
envios de gás para a Hungria, mesmo quando limitou estas importação para
os restantes países da União Europeia. O próprio presidente húngaro, afirmou não concordar com as sanções da União Europeia, procurando sempre fazer o melhor para o
seu país. Com esta afirmação em mente, em Agosto de 2022, a Hungria
assinou novamente um acordo com a empresa estatal russa de energia, Gazprom, para
receber cerca de 5,8 mil milhões de metros cúbicos extras de gás natural por dia.
Não obstante, Vitor Orkban não ficou apenas por dar a mão à Rússia e a virar as costas à União Europeia. O ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros e Comércio Externo da Hungria, Peter Szijjarto, culpou as sanções da União Europeia pela crise energética que os países europeus enfrentavam. É assim, o presidente da Hungria, Viktor Orbán apontado como o "melhor aliado" de Moscovo no bloco europeu.
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Fonte: Cagle, 2022 |
No entanto as opiniões provenientes da Hungria ultrapassam as barreiras da energia e entram num tema extremamente delicado para a União Europeia: a guerra. Muito se ouve falar do possível desfecho e se, a vitória irá recair do lado ucraniano ou do lado russo. Para os húngaros o desfecho parece iminente, crente nas capacidades invasoras da Rússia, vê nela a possível vencedora. Sendo assim, na possibilidade da queda da frente ucraniana, isto pôde significar um avanço da Rússia para áreas mais próximas da fronteira húngara. Aliás, a própria NATO já tinha antes decidido reforçar os batalhões destacados para países como a Estónio, a Roménia e a Hungria, para garantir que os países estão preparados no caso de tal fatalidade. Não obstante, é claro o receio de situações passadas como é o caso das memórias do período da Guerra Fria, onde quem acaba sempre por perder são os países do bloco central. O primeiro-ministro Viktor Orbán tenta assim evitar que o seu país caia em erros passados, aliando-se ao inimigo mais poderoso, evita um trágico desfecho para o seu país, já assolado pela crise – em dezembro de 2022 o país registou a inflação interanual mais elevada da UE, situada nos 24,5%. A Hungria escolhe assim, claramente, o lado do jogo que a beneficia mais.
A esfera de influência russa alcança toda a Hungria e enquanto Viktor Orbán estiver no poder, assim se irá manter. Existem claramente vantagens económicas, descontos no petróleo como no gás, importados da Rússia, como também uma vantagem militar no caso de confronto. Contudo, a estratégia da Hungria não acaba nos seus laços com a Rússia, como também em aproveitar as vantagens de pertencer á União Europeia, especialmente em tempo de guerra, mantendo uma posição confortável no meio da “guerra fria” entre a União Europeia e a Rússia. Não se poderá imaginar o que estes países juntos poderão alcançar e que impacto tirá, não só no conflito ucraniano, mas como também no seio da União Europeia e junto de outros países do bloco central. Uma coisa é certa, está a acontecer um abalo da preponderância da União Europeia que põe em causa a sua autoridade perante a comunidade internacional.
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