OFENSIVA MILITAR CONTRA OS CURDOS - O DESACORDO COM A TURQUIA


 

                                                        (FONTE: Partido Comunista do Brasil)



  Foi no dia 17 de abril de 2022 enquanto os holofotes estavam voltados para a conhecida guerra entre a Ucrânia e a Rússia que a Turquia iniciou uma ofensiva militar contra os curdos, no sul do Curdistão. Posicionadas na fronteira da Síria com a Turquia, essas regiões encontram-se sobre o controlo do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), este fundado em 1978 com o objetivo de  luta por um Curdistão independente, contudo, no presente, é levado em conta pela Turquia e por alguns dos seus países aliados tal como os Estados Unidos como um partido terrorista, estes vendo este partido como uma estratégia política internacional para depauperar o movimento de autodeterminação curdo.  Este conflito armado resume-se à vontade dos Curdos em ter um Curdistão independente, possuindo maior autonomia e direitos culturais e políticos em território turco e a clara discordância por parte da Turquia. 


   Os Curdos, atualmente, formam uma população estimada entre 25 milhões e 35 milhões, estes ocupando uma região montanhosa que se propaga pelos territórios de cinco países, Turquia, Síria, Iraque, Arménia e Irã e apesar de serem o quarto maior grupo étnico do Oriente Médio nunca alcançaram um país próprio. O início do século XX marca as tentativas do povo curdo em criar um Estado, o Curdistão, contudo este nunca chegou a ocorrer devido ao Tratado de Lausanne que determinou as fronteiras da Turquia moderna, deixando os curdos com uma posição minoritária nos seus respetivos países, qualquer tentativa dos curdos após isto por se tornarem um Estado independente foi sempre brutalmente anulada.


   Temos como exemplo de ataques o que se sucedeu do dia 20 de novembro de 2022 até ao dia 23 de novembro de 2022 onde os curdos foram alvos de 471 ataques na Síria e no Iraque e 254 terroristas foram neutralizados. Isto resultou aproximadamente em que quinhentos alvos tenham sido atingidos pela aviação e artilharia da Turquia. 


   É nítido que os curdos são considerados uma ameaça para a Turquia, estes desde logo não foram bem recebidos pelas autoridades turcas, tendo sido proibidos de utilizar um idioma próprio tal como nomes e roupas. Este grupo étnico é considerado pelos norte-americanos e obviamente pelos turcos uma organização terrorista e assim que as tropas norte-americanas retiraram as suas tropas dos territórios curdos isto abriu uma porta para a Turquia realizar novos ataques contra o grupo. 


   Apesar deste conflito atual ocorrido em 2022, os curdos já sofrem ataques desde algum tempo, tendo como exemplo o que ocorreu em 2014. Com a evolução do Estado Islâmico, este procurou ocupar áreas onde o Curdistão está localizado, com o movimentos de jiadistas radicais em combate direto com as tropas curdas, a região foi invadida durante a Guerra Civil da Síria, todavia os curdos coordenaram uma força de resistência impedindo assim o avanço do grupo terrorista e de forma ainda a recuperar territórios. 


   No dia 13 de novembro de 2022 na avenida mais frequentada de Istambul sucedeu um ataque que acabou por matar seis pessoas, deixando ainda oitenta feridos. Rapidamente a Turquia incriminou os militantes curdos da Síria, apontando especificamente para uma mulher Síria que acreditavam que havia sido treinada pelas forças curdas na Síria. Apesar desta certeza por parte da Turquia, tanto os curdos turcos do PPK como as unidades de defesa do povo da Síria não se responsabilizaram pelo ataque, negando qualquer envolvimento. 


   Outro acontecimento recente é marcado pelo pedido de ajuda dos curdos a Moscovo, estes fizeram o pedido no dia 29 de novembro de 2022 com o objetivo da Rússia dissuadir a Turquia de uma ofensiva terrestre, contudo, numa conferência de imprensa virtual, o líder das forças curdas sírias, Mazloum Abdi, garantiu que caso a Turquia lançasse uma ofensiva terrestre, as Forças Democráticas Sírias (FDS) iriam oferecer defesa. Segundo o ainda atual Presidente turco, Recep Tayyip Edrdogan, o objetivo de uma ofensiva terrestre seria instituir uma zona de segurança de oeste a leste no decorrer da fronteira com a Síria. Com este acontecimento aconteceu ainda no dia 29 de novembro de 2022, domingo, em Qamichli esta, uma zona no nordeste da Síria, um protesto contra os ataques aéreos turcos, que desde o dia 20 de novembro do mesmo ano já haviam provocado 65 mortos onde grande parte das vítimas era combatentes curdos e membros das forças aéreas. 


  São ataques recorrentes que acabam por alterar direta e indiretamente o mundo. São milhões de pessoas perseguidas, milhões de pessoas sem país que possam chamar de seu, nascem no mesmo mas nunca são consideradas, são eternos refugiados. Vivem com medo no seio do seu “lar”.  


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