Uma Nação, Dois Estados, Muita Tensão - o cerco da China a Taiwan

Arcadio Esquivel

A recente atividade militar chinesa em torno da ilha de Taiwan e as tensões crescentes entre a China e países ocidentais têm gerado preocupações em relação à política externa chinesa e à sua estratégia de assertividade regional.

Em primeiro lugar, é relevante destacar a postura da China em relação a Taiwan. Desde a sua separação da China em 1949, após a Guerra Civil Chinesa, Taiwan tem sido governada por um governo democrático e considera-se como um Estado autónomo em relação à China. No entanto, a China reivindica a ilha como parte de seu território, e a questão da reunificação tem sido uma das principais questões geopolíticas na região do leste asiático. A recente atividade militar chinesa em torno de Taiwan tem sido vista como um sinal da crescente assertividade chinesa em relação a esta questão.

Além disso, as tensões entre a China e os Estados Unidos da América têm crescido nos últimos anos. Os conflitos envolvem desde questões comerciais até aos direitos humanos e de segurança, e têm levado à adoção de medidas restritivas, como sanções económicas. A política externa chinesa tem sido vista como cada vez mais assertiva e menos disposta a ceder a pressões externas.

Uma das estratégias chinesas tem sido o fortalecimento militar, como evidenciado pelos exercícios militares realizados na região de Taiwan. A China tem investido fortemente na sua capacidade militar, com a modernização de suas forças armadas e o aumento do seu orçamento militar – tendo este ano 2023 aumentado para 7,2%.

 A estratégia chinesa de assertividade regional tem motivado preocupações não apenas quanto à estabilidade regional, mas também à própria segurança global. Os Estados Unidos, por exemplo, têm reforçado a promessa de que, face a uma hipotética invasão chinesa, as suas forças militares defenderiam Taiwan. Além disso, as tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos têm gerado preocupações em relação à economia global, já que ambos os países são as maiores economias do mundo, e que qualquer problema que surja entre estes propagar-se-á facilmente para todas as restantes economias globais.

A crescente assertividade chinesa também tem levado a uma resposta por parte de outros países da região. O Japão e a Austrália, por exemplo, têm fortalecido alianças tanto entre si como com os Estados Unidos visando conter a influência chinesa na sua região. A União Europeia também tem adotado uma postura mais crítica em relação à China, nomeadamente com a denúncia de violações dos direitos humanos.

É importante notar que a estratégia chinesa de assertividade regional não é necessariamente uma novidade na política externa do país. A China tem uma longa história de expansão territorial e de busca por influência regional, e a atual política externa pode ser vista como uma continuidade dessa mesma tradição.

Diante do atual cenário, é essencial que a comunidade internacional atue para promover não só a estabilidade regional do leste asiático como também a estabilidade global. Isto pode ser feito através do diálogo e da negociação entre os Estados, visando soluções pacíficas para os conflitos. Também é importante que os países mantenham as suas alianças e compromissos de defesa, visando a dissuasão de ações agressivas por parte do Estado chinês. Além disso, é fundamental que a comunidade internacional – nomeadamente o Espaço do Ocidente – não desista do ideal de promover e difundir os direitos humanos e a democracia, o que, caso sejam também gradualmente crescentes dentro da China, pode contribuir para reduzir estas tensões e promover a estabilidade regional e global. A crença e respeito pelos direitos humanos e pela democracia tem como inerência um igual respeito por aquilo que é o direito à autodeterminação e à soberania.

Por fim, é essencial destacar que a política externa chinesa é complexa e multifacetada, e que há diferentes visões sobre aquilo que é a sua estratégia e os objetivos – nomeadamente a longo prazo.

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